A programação do Festival do Clube de Criação Brasil trouxe alguns painéis super interessantes sobre a nossa árdua busca pela igualdade de gênero e um deles me comoveu pela carga de paixão. No comando de Joanna Monteiro (CCO FCB Brasil), pontos de vistas trazidos por mulheres de diferentes segmentos da comunicação. Daniela Mignani (GNT) puxou o papo abrindo a linha de aprendizado que o movimento “He for She” teve, com relação a abordagem e assertividade do tom. “Tivemos que mexer duas vezes, porque vimos que estava gerando percepções diferentes e não estava promovendo a integração de homens e mulheres no mesmo cenário”, ao citar uma das ações iniciais, que pedia apenas à mulheres que manifestassem apoio”. Há que se ter um cuidado grande na didática, porque a ignorância sobre o tema leva à intolerância”, lembrou.
Para atriz Denise Fraga (Globo), só participa de movimentos de minoria, quem ja sofreu (direta ou indiretamente) de alguma situação opressora, mas temos que ter profundo cuidado para que não se tornem movimentos de ódio. “Não podemos perder o discurso por causa do radicalismo”, completou. Lais Bodansky (cineasta) lembrou que a opressão de gênero é invisível e por isso precisa ser falada, porque é delicada. “Na industria do audiovisual, na parte do discurso (roteiro, voz), apenas 15% é ocupado por mulheres – destes 15%, 0% (zero) é ocupado por mulheres negras. Se tem mais mulheres do que homens no mundo, porque somos minoria e por que nos comportamos como tal?”- provocou.
Debora Vasquez (Lew Lara) lembrou que na propaganda não é muito diferente, já que há apenas 20% de mulheres na criação e apenas 3% em cargos de liderança. “Inclusão não é só estar presente, mas é a voz que se dá em termos de contribuição.” Joanna completou o raciocínio dizendo que quando você fica muito tempo quieta e tem a oportunidade de falar, o risco de se gritar é gigante e que a luta pode estar nos detalhes, seja na oportunização de cargos ou na criação de narrativas mais plurais, em contextos mais iguais, porque isso ajuda na reflexão da sociedade. “Se a gente quer que a sociedade reconheça distorções, a gente precisa falar”, finalizou.