Um pouco mais de 1 km que separa o que está mudando do que nunca vai mudar.
Da porta pra dentro, até quem não foi pra Cannes sabe: Health & Pharma consagram-se como categorias tão disputadas quanto as tradicionais. O júri aumenta significativamente a presença feminina. O PR se torna cada vez mais fundamental na conquista de qualquer leão, exigindo números e manchetes. A inclusão é celebrada como nunca. O entretenimento ganha foco nos painéis.
Até a ordem da premiação mudou. Os ganhadores de Bronze e Prata, que antes eram listados no telão a cada categoria e narrados em tom de “Haja Coração” pelo apresentador, agora são discretamente creditados antes da cerimônia começar. O evento fica mais rápido e certamente menos emocionante para quem está no shortlist.
E as ativações? Não tem como escapar de comentários sobre o SXSW. Mas não vamos comparar uma praia com espaço para poucos iates com a capital do Texas. Por favor.
Fato é que as marcas estão criando um petit festival aos arredores do Palais. Ativações de players globais como Facebook, Apple, Amazon, Google e Spotify, além de grupos como Havas e TBWA, garantem palestras e debates gratuitos, regados a Rosé, aperitivos e brindes. Acredite. É possível se alimentar de informação sem gastar 1 euro.
E assim seguem as festas. Nas semanas que antecedem o festival, uma força tarefa é instaurada em prol dos RSVP mais disputados. Brasileiro puxa brasileiro, como não poderia deixar de ser.
Todas com o mesmo final feliz: o Martinez. Uma espécie de Times Square (a esquina mais famosa do mundo) onde o outdoor é você.
Criativos com leões, produtoras com cartões e todo mundo com o copo meio cheio. O “como é que tá lá” comendo solto em todas as línguas. Um lugar onde pessoas discutem menos o futuro da propaganda e mais o seu próprio.
E tudo certo.
Porque esse futuro, de fato, raramente passa longe de quem está ou gostaria de estar lá.
Cannes não é só sobre o que se colhe, mas também sobre o que se planta. É saber que “não vai ter Marta, Formiga e Cristiane pra sempre” e continuar em busca de novas maneiras de melhorar (deixar de falar “disrupted” é uma delas).
É clima de Copa, amigo. Uma semana cheia de expectativas, reflexões, aprendizados e novas amizades. De encontros e despedidas.
Realmente, você não precisa ir pra Cannes pra saber o que está mudando.
Mas sim para entender o que nunca vai mudar.